Um Rei de Misericórdia

34.º Domingo Tempo Comum (Ano C)
Lc 23, 35-43

P. Francisco Martins | Companhia de Jesus

Desafio-te:

Neste final de Ano da Misericórdia, reflete: quais foram os frutos que este Ano Jubilar da Misericórdia teve na minha vida?

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Evangelho de Nosso Senhor Jesus Cristo segundo São Lucas

Naquele tempo, os chefes dos judeus zombavam de Jesus, dizendo: «Salvou os outros: salve-Se a Si mesmo, se é o Messias de Deus, o Eleito». Também os soldados troçavam d’Ele; aproximando-se para Lhe oferecerem vinagre, diziam: «Se és o Rei dos judeus, salva-Te a Ti mesmo». Por cima d’Ele havia um letreiro: «Este é o Rei dos judeus». Entretanto, um dos malfeitores que tinham sido crucificados insultava-O, dizendo: «Não és Tu o Messias? Salva-Te a Ti mesmo e a nós também». Mas o outro, tomando a palavra, repreendeu-o: «Não temes a Deus, tu que sofres o mesmo suplício? Quanto a nós, fez-se justiça, pois recebemos o castigo das nossas más acções. Mas Ele nada praticou de condenável». E acrescentou: «Jesus, lembra-Te de Mim, quando vieres com a tua realeza». Jesus respondeu-lhe: «Em verdade te digo: Hoje estarás comigo no Paraíso».
Palavra da salvação.

(Lc 23, 35-43)

Ao terminar o ano litúrgico a Igreja convida-nos a celebrar a solenidade de Nosso Senhor Jesus Cristo, Rei do Universo. Inspirada pelo Evangelho, a Igreja utiliza a linguagem da realeza (reino, rei, rainha, etc.) para falar do mistério da vida ao qual Deus nos chama. O mistério de uma vida de comunhão com Ele e entre nós, o reino no qual Jesus se manifesta como o Senhor do céu e da terra, Senhor da paz e da justiça, numa palavra, como o Rei.

Hoje também termina, celebramos a conclusão do Ano Santo da Misericórdia, convocado pelo Papa Francisco. O Evangelho que acabámos de escutar fala-nos precisamente sobre essa característica que define de maneira singular o nosso Rei Jesus Cristo: a misericórdia. A cena passa-se durante a Paixão. Jesus crucificado é rodeado por dois ladrões. Os seus companheiros, a companhia de Jesus são os dois ladrões na Paixão. Aquele que é clamado pelos soldados como o rei dos judeus parece ser e apenas o rei dos últimos, o rei dos que perderam, o rei dos que erraram, um rei sem trono, um rei fora da cidade, um rei sem soldados. Diante deste Rei paradoxal o Evangelho desenha duas atitudes completamente diferentes: a atitude dos chefes dos judeus, dos soldados e do primeiro ladrão, uma atitude de falsa complacência, de uma espécie de desdém sobranceiro em relação a Jesus. Que Rei é este? Que Deus é este que se deixa humilhar, que aparece rodeado de ladrões e de pessoas de má vida. De que nos serve, que nos interessa este Rei? Para os chefes, para os soldados e para o primeiro ladrão, o rei, o Rei que eles desdenham, é um rei do tamanho dos seus apetites; a estatura, a sua própria estatura. Demasiado humano o seu egoísmo, mais preocupado em salvar a sua pele do que em salvar os outros. Só o segundo ladrão, só Dimas, de acordo com a tradição da Igreja que assim o chamou, só Dimas vê para além do olhar. Ele reconhece neste rei humilhado um Deus. Reconhece neste Deus crucificado um Rei. E, por isso, pede a Jesus que se lembre dele. Pede a Jesus que tenha misericórdia. Reconhece em Jesus este Deus que vem ao encontro de cada homem. E, sobretudo, vai ao encontro dos últimos dos últimos para, a partir de baixo, elevar-nos a todos, elevar o mundo inteiro.

Esta conclusão do ano jubilar é, talvez, a ocasião de olharmos para a nossa própria vida e pensarmos “quais foram os frutos que este ano jubilar da misericórdia teve na minha vida?” Sinto-me um filho ou filha perdoada? Sinto-me chamado, cada vez mais chamado, a ser um verdadeiro missionário da misericórdia? Peçamos ao Senhor a graça de, como o Seu Filho, de viver inteiramente a nossa condição de servos da misericórdia.

P. Francisco Martins

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